Fui a um evento na pequena cidade de Óbidos, cidade medieval portuguesa. Óbidos deriva do latim oppidum que significa algo como cidade fortificada e, ainda hoje, ela mantém suas muralhas e pedras de calçadas usadas nos séculos XV e XVI.
Todos os anos, no mês de julho, acontece uma festa medieval, quando se pode alugar trajes e sentir-se no clima da época. O tema desse ano eram as mulheres da era medieval. Dessa forma, a festa girou em torno das mulheres e, em vários trechos do longo caminho dentro das muralhas, havia informações de como as mulheres eram tratadas à época.
Algumas pessoas ficam em pequenos enclaves, excluídas da sociedade, como minorias religiosas, leprosos e as vagabundas. Essa era uma das informações, com o título: mulheres excluídas.O mundo medieval era dos homens, os quais ditavam as regras. Um pensador da época resume o sentimento relativo às mulheres: A alma de uma mulher e a alma de uma porca são quase o mesmo, ou seja, não valem grande coisa.
Cabia aos homens, pais ou maridos, castigar as mulheres, assim como as domésticas e as escravas. De lá pra cá mudou muito. Será?
A violência contra mulher ainda é um dos graves problemas mundiais e de difícil erradicação. Além disso, há, em nossa sociedade machista, a tendência de aceitar a violência contra a mulher, como problema do casal. Problema de todos!
Sabine Lautenschäger, membro do Banco Central Europeu, fez um apelo recente às mulheres e aos homens, afirmando que a igualdade de gênero não é algo garantido. Ainda disse às mulheres sejam proativas, ou seja, não baixemos a guarda, a evolução em nossos direitos é grande, mas não podemos piscar os olhos que os perdemos, e essa é a sensação diária.
O problema da desigualdade de gênero é um problema da sociedade. Quando as mulheres no setor privado ganham em média 30% a menos que os homens e, no setor público, têm maior dificuldade à ascensão dentro da carreira. O problema é da sociedade, não das mulheres.
O fato de mulheres engravidarem, parirem, não é motivo para punição. Não se pode justificar o pagamento menor por esse fator, argumento esbravejado com euforia por muitos.
O problema não é das mulheres, o problema é da sociedade. Termino com o pensamento de Sabine: Por outras palavras, lutar pela igualdade é lutar pela democracia. Infelizmente, hoje parece ser cada vez mais necessário.